Quatro meses depois do rompimento com o PP, o governo baiano levanta as mãos para os céus e dá graças a Deus por ter peitado o partido e ajudado o deputado estadual Adolfo Menezes (PSD) a se eleger presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, em fevereiro de 2021.
Nos bastidores governistas, Adolfo é, aliás, considerado o presidente perfeito para o Poder. Além de amigo e aliado do governador Rui Costa (PT), é leal, discreto, sabe cuidar da relação com os colegas deputados e tem buscado cortar despesas e enxugar o orçamento do Legislativo.
O resultado é a garantia de uma relação estável entre o Poder e o governo que deixa Rui tranquilo para trabalhar sabendo que não deve ser colhido por surpresas, especialmente neste ano eleitoral, em que tem se esforçado para garantir a continuidade do PT na administração estadual.
O cenário poderia ser totalmente diferente se o PP tivesse ganho a presidência da Assembleia, como o partido efetivamente tentou, invocando um direito pelo qual caberia à sigla ter sucedido no comando do Legislativo o então presidente Nelson Leal, também um progressista, colhido pela crise da pandemia.
Desde março aliada do candidato a governador ACM Neto (União Brasil), na chapa de quem o cacique do PP João Leão indicou para candidato a senador o deputado federal Cacá, seu filho, fato é que a legenda poderia agora estar transformando a vida do governo num verdadeiro inferno.
Para citar o tamanho do risco que o PT correu, os petistas costumam se referir às ‘pautas bombas’ que o presidente da Câmara Municipal de Salvador, Geraldo Jr. (MDB), transformado repentinamente em candidato a vice na chapa do petista Jerônimo Rodrigues, do PT, tem criado para o prefeito Bruno Reis (União Brasil).
Na época da sucessão na Assembleia, o governo chegou a participar das negociações com o PP e o PSD, tentando evitar uma fissura na base, mas diante da determinação do partido do senador Otto Alencar em não abrir mão da indicação, resolveu fingir-se de morto, enquanto, nos bastidores, facilitava a eleição de Adolfo.
Em jogo combinado, no momento em que Rui lavava as mãos, um personagem entrava em cena, no entanto, jogando as cartas em favor do PSD e, consequentemente, do atual presidente. Era o senador Jaques Wagner, que os petistas dizem ter antevisto lá atrás, com seu respeitado tirocínio político, que o PP não permaneceria parceiro do governo.
Teria sido este o motivo porque o senador teria trabalhado para eliminar o risco de que o partido ganhasse o controle do Legislativo. A postura do petista teria, no entanto, marcado a primeira crise no relacionamento com o PP desde que o partido aderiu ao governo, no final do primeiro mandato de Wagner como governador.
A rusga nascida naquele momento teria prenunciado o rompimento definitivo, em março passado, quando o partido anunciou apoio a Neto depois que o próprio Wagner comunicou que o PT teria candidato ao governo e Rui não disputaria o Senado, com o que o PP contava para Leão assumir o cargo de governador da Bahia
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