Um mar azul e branco tomou conta da faixa de areia da praia do Rio Vermelho neste domingo (2). Gente de tudo que é lugar. Uns que jogam rosas em agradecimento pelas bençãos alcançadas por meio da Rainha do Mar. Outros que entregam os presentes, com pedidos pessoais para o novo ano que se inicia. O fato é que milhares de apreciadores e devotos de Iemanjá, a matriarca espiritual das águas, lotaram as ruas do bairro, que é sede da casa da orixá há anos.
Quem vai deixar os presentes no mar enfrenta uma fila quilométrica em frente à Colônia de Pescadores Z1, responsável pela festa. É ali que o empurra-empurra é intenso e a fé é, de certa forma, é colocada à prova. Afinal, quem sai de casa em um domingo, com o sol ‘rachando’ e os termômetros marcando 30 °C (mas uma sensação térmica que parece ser de 40ºC), se não tiver muita fé? O caminho é intenso, mas a chegada é de tirar o fôlego - no bom sentido, é claro.
A gaúcha Camila Kleim, 42 anos, é filha de Iemanjá. Sai de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, há mais de 10 anos para prestigiar à mãe nas águas no Rio Vermelho. Esse ano, no entanto, é mais que especial. Foi sob a proteção da Rainha das Águas que Camila e os irmãos passaram pelas enchentes no Sul sem qualquer ferimento. “Nossa família religiosa toda conseguiu passar pelas enchentes, sem sofrer absolutamente nada”, diz, emocionada.
Nos olhos, um brilho que não é ofuscado pelas lágrimas que saem ao abrir a boca. Nas mãos, um barco de 90cm, feito em com produto biodegradável, azul, repleto de flores, canjica e perfumes. “Esse barco não é só meu, é da minha família religiosa. A gente não perdeu ninguém. Perdemos bens materiais, mas não perdemos uma vida. Isso que é mais especial esse ano. É só agradecimento”, continua. Considerada a pior tragédia climática do estado, as chuvas que atingiram o estado em maio de 2024 vitimaram 183 pessoas.
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